Como tradicionalmente acontece a cada final de ano, a bancada do PT convidou a imprensa gaúcha, nesta quarta-feira (19), para apresentar o seu balanço político do período. Utilizando o formato de uma agenda, os dez deputados petistas oferecem ao público uma radiografia pormenorizada do primeiro ano do governo Yeda. Dividida em dozes meses, o
“Diário de um desgoverno e outras informações que os gaúchos precisam saber sobre o governo Yeda” traz uma análise crítica dos fatos que marcaram a administração tucana e apresenta um pequeno inventário das ações do governo Lula no Rio Grande do Sul em 2007. “Como já é de praxe, estamos apresentando uma prestação de contas do nosso trabalho legislativo, voltado para a fiscalização das ações do governo, mas sem abrir mão de apontar alternativas para resolver os problemas do Estado”, frisou o líder da bancada do PT, Raul Pont.
Obedecendo a uma ordem cronológica, o material não deixa escapar nada. Inicia lembrando a quebra de promessas da governadora, antes mesmo de assumir o comando do Piratini com a tentativa de reeditar o tarifaço aplicado pelo governo Rigotto, e encerra com uma avaliação da execução orçamentária dos principais programas sociais em 2007. Nas 52 páginas da agenda, há ainda o registro das contradições do governo do Estado, como a concessão de novos benefícios fiscais em contraste com o discurso da crise das finanças públicas e com a segunda tentativa mal sucedida de elevação da carga tributária, barrada pela oposição e por setores rebelados da própria base governista. “A orientação política de nossa bancada em todos estes episódios foi de assumirmos nosso papel de oposição e de, ao mesmo tempo, apresentarmos propostas responsáveis que, certamente, adotaríamos se estivéssemos no governo”, revelou Pont, lembrando as sugestões oferecidas para cobrir o déficit orçamentário sem recorrer ao aumento de ICMS e para pagar o 13º salário do funcionalismo sem empréstimo no Banrisul.
Áreas sensíveis
A crise na segurança, com a saída de Ênio Bacci do comando da Secretaria de Segurança Pública, e o crescimento dos índices de violência receberam tratamento especial na agenda do PT. “Até poucos dias antes de sua saída, a atuação de Bacci só tinha recebido elogios da governadora. Ao deixar o cargo, o pedetista faz graves denúncias de corrupção que não são consideradas pelo Palácio Piratini, entre elas o caso do DETRAN, que explode no final do ano”, lembra o material.
As relações tumultuadas da governadora com o seu vice também constam na agenda, que recorda pontos do dossiê, divulgado por Paulo Feijó, com denúncias sobre a gestão do presidente do Banrisul, Fernando Lemos. Da mesma forma, o material do PT registra a venda de ações do banco do Estado e projeta as possíveis conseqüências para a economia gaúcha.
Respondendo questionamentos da imprensa, Pont afirmou que a incapacidade de ouvir e de dialogar com a sociedade e com os movimentos sociais pode ser apontado como o ponto mais crítico do governo tucano. “Esta característica, que se concretiza numa postura imperial e arrogante, interfere em todas as áreas de atuação do governo, gerando crise, intranqüilidade e mal estar”, salientou.
Iniciativas parlamentares
Em um capítulo à parte, o Diário apresenta, ainda, uma iniciativa marcante de cada um dos parlamentares petistas. São projetos na área da agricultura (Elvino Bohn Gass e Ivar Pavan), fiscalização dos serviços concedidos (Marisa Formolo e Dionilso Marcon), participação popular (Raul Pont), segurança pública (Stela Farias), incentivo à inovação tecnológica (Adão Villaverde), desenvolvimento econômico (Ronaldo Zulke), funcionalismo público (Daniel Bordignon) e defesa da criança e do adolescente (Fabiano Pereira). “São iniciativas que expressam movimento organizado de nossa bancada e marcam a nossa forma de fazer a disputa política, sempre apontando um caminho alternativo”, finalizou Pont.