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domingo, junho 17

AS CRUZADAS MORAIS SELETIVAS DO SENADOR SIMON

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) ficou conhecido nacionalmente como um paladino da moralidade e da luta contra a corrupção. Neste domingo, o senador propõe, em um artigo publicado na Folha de São Paulo, que a população saia às ruas contra a corrupção e pelo fim da impunidade. Intitulado “Reage, Brasil!”, o artigo diz, entre outras coisas, que “nunca, em nenhum momento da nossa história política, os três Poderes da República estiveram tão contaminados pela corrupção”. Simon não apresenta nenhum dado para sustentar tal afirmação, apelando para sua biografia como elemento de prova do que está dizendo. As cruzadas morais do senador gaúcho têm uma particularidade curiosa. Elas nunca se referem às denúncias de corrupção que atingem seus correligionários no Rio Grande do Sul. Quando tais denúncias surgem na província de São Pedro, envolvendo políticos de seu partido ou aliados, reina o silêncio. Alguém lembra de algum pronunciamento irado e indignado do senador Simon, cobrando investigações rigorosas sobre as denúncias contra a Máfia das Consultas, levantadas por uma série de reportagens do jornalista Giovani Grizotti? Denúncias que envolveram, entre outros, Elmar Schneider e João Osório, políticos do PMDB. Alguém ouviu algum comentário sobre o texto publicado no site da Assembléia Legislativa, onde o ex-deputado Schneider diz que “nos primeiros quatro anos de mandato em que trabalhou em parceria com o seu companheiro de partido, deputado João Osório, foram contabilizadas mais de quinhentos atendimentos mensais entre baixas em hospitais, cirurgias e consultas de rotina”, feito obtido através da intermediação dos seus respectivos mandatos? (clique AQUI para ler). Alguém ouviu algum discurso inspirado condenando a utilização de albergues por deputados para angariar votos, conforme denúncias que envolveram entre outros, os deputados Osvaldo e Márcio Biolchi, do PMDB?
Alguém lembra de uma fala de Simon cobrando explicações do vereador Luizinho do Sete, do PMDB de Sapucaia do Sul (RS), que contratou a mulher, a sogra, o filho e o gerente da loja de carros da qual o edil é proprietário? Ou ainda, alguém lembra de algum pedido de explicações do senador sobre o processo de privatização da Companhia Riograndense de Telefonia (CRT), durante o governo Britto, do PMDB, que contou, entre outras coisas, com a nebulosa participação da RBS, principal empresa de comunicação do Estado, e do grupo Oportunity, onde Britto foi trabalhar após deixar o governo? As cruzadas morais do senador parecem ser marcadas por uma curiosa seletividade geográfica e política. Uma seletividade que ajuda a identificar o lugar a partir do qual ele realmente fala.

Marco Weissheimer RS Urgente.

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