
Quem vem acompanhando os bastidores da política gaúcha no que tange, especialmente, à fraude do Detran e seus desdobramentos, tem boas razões para pensar que o chopinho que reuniu o secretário de Planejamento de Yeda, Ariosto Culau e um dos principais acusados do roubo na autarquia, Lair Ferst, não foi um simples encontro ocasional de amigos, mas sim uma espécie de prestação de contas. Lair vinha pressionando o governo desde quando o Detran trocou a Fatec pela Fundae e suas empresas foram desligadas do esquema que, segundo a Polícia Federal, rendeu dezenas de milhares de reais em propina.
Em determinado momento, foi dito que Lair, dirigindo-se a pessoas do círculo mais íntimo da governadora, vinha fazendo nos bastidores, o mesmo que Flávio Vaz Netto fez de público: ameaçava ir à CPI do Detran instalada na Assembléia e revelar detalhes sórdidos de toda a trama. Até então, tudo era tratado como boato nos meios políticos. Mas ontem, pouco depois de anunciar o rompimento com a Fundae, Culau foi “comemorar” (expressão usada por Yeda) a decisão governamental. Com quem? Lair Ferst. Se é que havia mesmo alguma coisa a celebrar, Culau poderia ter escolhido qualquer um de seus colegas de primeiro escalão para o happy hour.
O secretário de governo Delson Martini, por exemplo, teria sido uma boa escolha. Homem de fino trato que mexe com antiguidades, anda em bons carros; certamente seria uma companhia mais agradável do que Lair. Mas não, o peixe frito e o chope gelado foram saboreados com o homem que, segundo Yeda, esteve sempre ali, na campanha, pronto para “dar uma mão”.
Quando a notícia do encontro chegou à CPI do Detran, um silêncio sepulcral de alguns segundos foi ouvido no Plenarinho da Assembléia. Aos poucos, deputados da base aliada de Yeda, entre eles Alexandre Postal (PMDB), Pedro Westphalen (PP) e até o histriônico Pedro Pereira (PSDB), foram recobrando os sentidos e, ainda perplexos, passaram a fazer exclamações desalentadas do tipo “tem que renunciar”,“assim não dá”, “como é que a gente vai defender um governo deste que só faz c....”.

FONTES: RS Urgente
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