Quatro horas depois de ter comandado a entrevista coletiva em que foi detalhado o rompimento do contrato do Detran com a Fundae, o secretário do Planejamento, Ariosto Culau, resolveu espairecer tomando um chopp e comendo um peixe em um bar do shopping Total com um amigo. Nada demais, não fosse o amigo suspeito de ser a pessoa que mais lucrou com a fraude no Detran: ele mesmo, Lair Ferst...
FONTES: RS Urgente
Quem vem acompanhando os bastidores da política gaúcha no que tange, especialmente, à fraude do Detran e seus desdobramentos, tem boas razões para pensar que o chopinho que reuniu o secretário de Planejamento de Yeda, Ariosto Culau e um dos principais acusados do roubo na autarquia, Lair Ferst, não foi um simples encontro ocasional de amigos, mas sim uma espécie de prestação de contas. Lair vinha pressionando o governo desde quando o Detran trocou a Fatec pela Fundae e suas empresas foram desligadas do esquema que, segundo a Polícia Federal, rendeu dezenas de milhares de reais em propina.
Em determinado momento, foi dito que Lair, dirigindo-se a pessoas do círculo mais íntimo da governadora, vinha fazendo nos bastidores, o mesmo que Flávio Vaz Netto fez de público: ameaçava ir à CPI do Detran instalada na Assembléia e revelar detalhes sórdidos de toda a trama. Até então, tudo era tratado como boato nos meios políticos. Mas ontem, pouco depois de anunciar o rompimento com a Fundae, Culau foi “comemorar” (expressão usada por Yeda) a decisão governamental. Com quem? Lair Ferst. Se é que havia mesmo alguma coisa a celebrar, Culau poderia ter escolhido qualquer um de seus colegas de primeiro escalão para o happy hour.
O secretário de governo Delson Martini, por exemplo, teria sido uma boa escolha. Homem de fino trato que mexe com antiguidades, anda em bons carros; certamente seria uma companhia mais agradável do que Lair. Mas não, o peixe frito e o chope gelado foram saboreados com o homem que, segundo Yeda, esteve sempre ali, na campanha, pronto para “dar uma mão”.
Quando a notícia do encontro chegou à CPI do Detran, um silêncio sepulcral de alguns segundos foi ouvido no Plenarinho da Assembléia. Aos poucos, deputados da base aliada de Yeda, entre eles Alexandre Postal (PMDB), Pedro Westphalen (PP) e até o histriônico Pedro Pereira (PSDB), foram recobrando os sentidos e, ainda perplexos, passaram a fazer exclamações desalentadas do tipo “tem que renunciar”,“assim não dá”, “como é que a gente vai defender um governo deste que só faz c....”.
Deserções à parte, o que se sabe é que Lair teve participação ativa na campanha de Yeda, envolveu-se na negociação da mansão que ela comprou na Chácara das Pedras, tem relações imobiliárias com prédios que serviram de comitês eleitorais tucanos e ainda mantém relações muito próximas com o centro do governo. É amigo íntimo, por exemplo, de Marcelo Cavalcante, ex-chefe de gabinete de Yeda e atual “embaixador” do governo em Brasília e que recente e estranhamente foi guindado ao status de secretário de estado. Aliás, Lair foi um dos convidados de honra da governadora para a festa de inauguração da “embaixada”. Tão perto assim do governo e tendo conseguido muito dinheiro para a campanha, segundo ele mesmo falou a conhecidos na época, Lair parece ter mesmo créditos a cobrar da tucanada que vem fazendo o que pode para mantê-lo em obsequioso silêncio. O chopinho pode ter sido mais uma dessas tentativas.
FONTES: RS Urgente
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