ONU avalia efeito de mudanças climáticas na saúde
A segunda parte do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), produzido pela Organização das Nações Unidas (ONU), destacou os efeitos para a saúde das mudanças climáticas. A falta de estudos brasileiros sobre o tema, no entanto, prejudicou a avaliação dos cientistas, que não puderam fazer uma projeção específica para o País de como o clima afetará a saúde pública.
"O IPCC não faz pesquisas. É uma reunião de cientistas que discutem resultados já existentes. O problema é que a maioria das pesquisas na área de saúde são feitas no Hemisfério Norte, pelos países que têm mais recursos", disse o médico brasileiro Ulisses Confalonieri à BBC. Ele foi o coordenador do capítulo dedicado à saúde humana no painel e afirmou que só agora a América do Sul está começando a colher esse tipo de dados.
O Brasil é considerado um dos mais vulneráveis aos efeitos das mudanças no clima pelo tamanho do território e da população, e pela grande desigualdade social. "Tudo isso enquadra a população brasileira na definição do IPCC, que considera mais vulneráveis as populações que não têm meio de se adaptar às mudanças. Essas populações de baixa renda", explicou o médico brasileiro.
A partir de projeções globais, os estudiosos previram que a diarréia será um dos maiores problemas causados pela mudança ambiental para o Brasil.
Extinção
Na conferência que reuniu mais de 120 países, as conclusões não foram nada otimistas. O documento, que terá um texto final de 1.500 páginas, prevê que 30% das espécies do planeta irão desaparecer caso o a média de aquecimento global seja maior que a de duas década atrás.
Para este século, a previsão do relatório é que as temperaturas aumentarão entre 1,8ºC e 4ºC, e que a África será o país mais atingido pelas mudanças climáticas.
De acordo com o relatório, as áreas que já sofrem com a escassez de água ficaram ainda mais secas, e os riscos de enchentes, tempestades e erosão serão aumentados nas demais regiões.
(Soraia Costa)
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, comentou no dia (06/04) a segunda parte do relatório Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em sigla em inglês), concluído quinta-feira a noite, pela ONU. Segundo Marina, o governo brasileiro está preocupado, mas que os países em desenvolvimento não podem ser o "bode expiatório de uma questão grave e dramática".
"Nós temos que dar a nossa parcela de contribuição, mas tendo a clareza de que os países ricos precisam fazer muito mais do que estão fazendo", disse. A segunda parte do relatório do IPCC diz, entre outras coisas, que o aumento da temperatura do planeta pode levar a Amazônia a se transformar em savanas, semelhante ao cerrado, até a metade deste século.
"Mesmo que países em desenvolvimento façam 100% do seu dever de casa, reduzindo 20% de suas emissões de gases poluentes, se os países ricos, que são os responsáveis por 80% dessas emissões, não fizerem as suas metas, mesmo assim nós seremos drasticamente afetados" declarou à Agência Brasil.
A ministra afirmou ainda que o governo adotou medidas para que os cenários apresentados no relatório não virem realidade, citando que a maior contribuição do Brasil para o aumento do aquecimento global está ligado ao desmatamento. Nos países desenvolvidos, a queima de combustíveis fósseis, como petróleo, carvão e gás natural, é o maior problema para acentuar o aquecimento.
"Teremos que aprofundar cada vez mais a nossa contribuição", disse, defendendo ainda o investimento em energias renováveis e na produção de biocombustíveis. Marina Silva destacou que, nos últimos dois anos, o plano de combate ao desmatamento brasileiro conseguiu reduzir a emissão na atmosfera de 430 milhões de toneladas de dióxido de carbono (co2).
(Lucas Ferraz)
Nenhum comentário:
Postar um comentário