Os editores dos jornais Zero Hora e Correio do Povo entraram em campo para defender o tarifaço proposto pela governadora Yeda Crusius (PSDB). A cobertura dos dois jornais nos últimos dias abandonou qualquer sutileza. A do Correio consegue ser ainda mais escancarada que a de ZH. O jornal exibe os seguintes títulos na edição desta segunda-feira: “Governo aperta cerco à sonegação”, “Corte de cargos trará economia de R$ 7 milhões”, “Serra devolve parte do ICMS a cidadão”. Já a ZH exibe na manchete: “Pacote contra a crise expõe contradição em posições de deputados”. As contradições apresentadas na matéria são as dos deputados que resistem ou se opõem ao tarifaço. O texto fala das contradições de deputados governistas que já aprovaram aumento de impostos em passado recente (governo Rigotto) e de deputados oposicionistas que, segundo ZH, teriam apresentado a mesma receita durante o governo Olívio. Nenhuma linha sobre as contradições de Yeda que foi eleita afirmando que aumentar impostos era coisa do “velho jeito de governar”.
Em sua edição dominical, o veículo da RBS dedicou três páginas ao tema, sendo que uma delas destacava em manchete: “Os inimigos do aumento de ICMS”. No sábado, o jornal dedica um editorial à crise, defendendo que "não é hora de fazer diagnósticos dos descaminhos que levaram à crise” e que é preciso enfrentar o problema de “sustentar um Estado gigante, cada vez mais voraz e ao mesmo tempo incapaz de se autogerir e cumprir com suas obrigações”. Do outro lado do “Estado gigante”, segundo o editorial, está o Rio Grande privado e moderno, que implementa conceitos de qualidade total. O texto sintetiza bem a ideologia que atravessa os governos Britto, Rigotto e Yeda: defesa da “modernidade” do setor privado contra o “anacronismo” do Estado; diluição de responsabilidades e amputação da memória. O que pode significar a afirmação: “não é hora de fazer diagnósticos”?
Durante o governo Britto, os representantes da “modernidade” aplaudiram entusiasticamente e mesmo participaram ativamente das privatizações (caso exemplar da RBS), das políticas de renúncia fiscal, guerra fiscal e de enxugamento do Estado. Diziam, então, que esse era o caminho para o RS crescer. Cresceu? Em artigo na Carta Maior, Miguel Rossetto defende que o conjunto dessas políticas agravaram profundamente a capacidade de financiamento público do Estado. Quando o governo Olívio Dutra procurou questionar temas como os da renúncia fiscal, da matriz tributária e da renegociação da dívida, foi acusado de promover a “insegurança jurídica”, o desrespeito a contratos e a “fúria arrecadatória”. Agora, diz ZH, é hora de esquecer o passado, não ficar perdendo tempo com diagnósticos e apostar nos programas de qualidade total de gestão para enfrentar o “Estado gigante e anacrônico”. O que os deputados e deputadas do chamado campo de esquerda, que derramaram-se em elogios à RBS recentemente, tem a dizer sobre isso? Acham esse discurso que articula política e ideologicamente a direta gaúcha (existe, afinal, uma direita gaúcha?) uma expressão de uma imprensa plural e moderna, exemplo de responsabilidade social?
Em sua edição dominical, o veículo da RBS dedicou três páginas ao tema, sendo que uma delas destacava em manchete: “Os inimigos do aumento de ICMS”. No sábado, o jornal dedica um editorial à crise, defendendo que "não é hora de fazer diagnósticos dos descaminhos que levaram à crise” e que é preciso enfrentar o problema de “sustentar um Estado gigante, cada vez mais voraz e ao mesmo tempo incapaz de se autogerir e cumprir com suas obrigações”. Do outro lado do “Estado gigante”, segundo o editorial, está o Rio Grande privado e moderno, que implementa conceitos de qualidade total. O texto sintetiza bem a ideologia que atravessa os governos Britto, Rigotto e Yeda: defesa da “modernidade” do setor privado contra o “anacronismo” do Estado; diluição de responsabilidades e amputação da memória. O que pode significar a afirmação: “não é hora de fazer diagnósticos”?
Durante o governo Britto, os representantes da “modernidade” aplaudiram entusiasticamente e mesmo participaram ativamente das privatizações (caso exemplar da RBS), das políticas de renúncia fiscal, guerra fiscal e de enxugamento do Estado. Diziam, então, que esse era o caminho para o RS crescer. Cresceu? Em artigo na Carta Maior, Miguel Rossetto defende que o conjunto dessas políticas agravaram profundamente a capacidade de financiamento público do Estado. Quando o governo Olívio Dutra procurou questionar temas como os da renúncia fiscal, da matriz tributária e da renegociação da dívida, foi acusado de promover a “insegurança jurídica”, o desrespeito a contratos e a “fúria arrecadatória”. Agora, diz ZH, é hora de esquecer o passado, não ficar perdendo tempo com diagnósticos e apostar nos programas de qualidade total de gestão para enfrentar o “Estado gigante e anacrônico”. O que os deputados e deputadas do chamado campo de esquerda, que derramaram-se em elogios à RBS recentemente, tem a dizer sobre isso? Acham esse discurso que articula política e ideologicamente a direta gaúcha (existe, afinal, uma direita gaúcha?) uma expressão de uma imprensa plural e moderna, exemplo de responsabilidade social?
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