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terça-feira, agosto 28

PRECONCEITO-ZERO

Para relembrar a entrevista feita com um grande camarada, (irmão como nos chamamos), Tamborero. Ele que é do Grupo de Rap "Preconceito-Zero" de Novo Hamburgo. Grupo que é respeitado nacionalmente pelos projetos e pela seriedade no tratar das questões sociais. Vamos a nossa entrevista.
Eu- Como começou no hip hop?
Tamborero- Comecei no Hip Hop através da dança, o popular break, mais a minha especialidade era o popping e o b.boyng, foi uma época em que a dança era o combustível do Hip Hop.Era um momento que pra mim o mais importante, porque todos eram Hip Hop não tinha artistas famosos e todos militavam por este movimento cultural, lembro dos passos de Michael Jackson, os Jack Kool de Gang.
Eu- Quem ou o que te inspirou a entrar para o hip hop?
Tamborero- A necessidade de expressar o sentimento de comunidades sem perspectivas de vida, sem infra-estrutura, sem acesso a informação, e também o movimento dos anos 70 e 80 nos guetos norte americanos, com lutas travadas pela igualdade racial e social pelos panteras negras e comunidade Hip Hop da época: expirações Kool Herc, Gil Scott Heron,Stive Bico, Public Enemy e o grande África Boombataa.
Eu- O rap hoje mudou bastante, outros estilos surgiram, e não se fala só de violência, da quebrada e de questões sociais e românticas como o charme e o soul. Mas se fala muito de sexo, de balada, de mulher o que acham disso? O rap perde ou ganha?
Tamborero- Na minha opinião, o rap é uma ferramenta a mais que os(as) periféricos tem na mão, pra protestar, reivindicar e falar de sentimentos. Mais isso, não vende, existe um sistema capitalista pronto pra corromper os movimentos. E em todo “trampo” (trabalho), existe o bom e o mau profissional, e quem faz rap de balada, de sexo não preventivo e sim deturpação do corpo da mulher está no movimento errado simplesmente trabalhando a favor do sistema que escraviza, humilha e mata. Com isso o rap perde e a periferia também, porque são menos lutadores e mais corrompidos, pelo tigre de papel.
Eu- Tu achas que o hip hop tem papel político?
Tamborero- Sim, a luta pelo socialismo ainda não acabou, ficamos anos lutando por isso, por distribuição de renda, por melhores condições de vida e agora que conquistamos pelo menos as atenções de alguns setores, temos que continuar firme na trincheira.
Eu- Quais as dificuldades que tu viste desde o teu início? Tamborero- São muitas, porque no Brasil já é difícil ser negro, o que dirá negro e cantor de rap, que usa boné e calça larga, mais a maior dificuldade que se tem ate hoje é a ignorância que nos mata. E as drogas, impostas pelo sistema e a sociedade não se defende, só participa.
Eu- Um acontecimento marcante nesta caminhada, que tu aches que tenha sido decisivo para a formação do Hip-Hop gaúcho?
Tamborero- Foi quando o Hip-Hop passou a ser o movimento da massa oprimida, isso foi no final dos anos 80, não participei desta época mais pesquiso e escuto os mais velhos e foi ai que este movimento saiu dos guetos das vilas e disse estamos aqui e queremos o que é nosso por direito.
Eu- Tu acredita no “movimento hip hop”?
Tamborero- Sim sempre acreditei o dia que não acreditar paro com tudo e vou seguir minha vida,E tem mais acredito num movimento sócio-cultural.
Eu- Tamborero, meu irmão, é sempre um prazer estar com você, um dos grandes companheiros que conheci nesta luta social, camarada gostaria que você deixasse uma mensagem para os leitores do meu blog.
Tamborero- gostaria de agradecer o convite, para esta entrevista, Paulinho -e por falar neste camarada- conheço você há quatro anos e sempre tive o prazer de conviver com você. Acho que o Brasil precisa ter mais pessoas como você, que se preocupa com as classes oprimidas e que não só se preocupa, mas luta no dia a dia por transformações sociais. Também nessa caminhada com este ilustre camarada tivemos o prazer de conhecer a realidade do bairro São João em Dois Irmãos, numa atividade com jovens ativistas e simpatizantes da cultura Hip Hop, na Escola Paulo Arant.
UM SALVE A TODOS!

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