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terça-feira, maio 27

AS MENTIRAS DE LAIR FERST

O depoimento de Lair Ferst à CPI, ocorrido nesta segunda-feira (26), foi precedido por uma forte estratégia de marketing pessoal. Há seis meses sem falar com a imprensa, Ferst dedicou o domingo e parte da segunda para conversar com os veículos de comunicação da RBS. Nas entrevistas ao jornal Zero Hora, à Rádio Gaúcha e ao Jornal do Almoço, o lobista antecipou qual seria sua postura na CPI e negou tudo. Chegou a arrancar elogios do jornalista Lasier Martins: "é um homem muito bem preparado", comentou Martins.
Pivô e um dos maiores beneficiários da fraude que desviou mais de R$ 44 milhões da autarquia, Lair contestou todas as acusações que pesam sobre ele. Mas a segurança demonstrada no início da audiência não resistiu aos questionamentos dos deputados. No decorrer do depoimento, as contradições apareceram:

  • A indicação da Fatec

O ex-presidente do Detran, Carlos Ubiratan dos Santos, disse que a Fatec foi contratada porque foi a única que preencheu os requisitos. Agora, Lair Ferst admitiu que indicou a Fatec para Carlos Ubiratan, seu amigo há mais de 30 anos. Depois de sugerir que o Detran contratasse a fundação, Lair virou funcionário da Fatec. Ele também admitiu que indicou as empresas Newmark Tecnologia e Rio Del Sur, de propriedade da sua família, para trabalhar para a Fatec. Alguém está mentindo.

  • A relação com Chico Fraga

Diferente do que afirmou duas vezes à CPI o ex-secretário-executivo da Fatec, Silvestre Selhorst, Lair Ferst negou que o secretário-geral de Governo da prefeitura de Canoas, Chico Fraga, tenha intercedido a seu favor quando o contrato do Detran com a Fatec foi rompido e a Fundae assumiu. Nesta troca, as empresas dos Ferst foram excluídas. Selhorst sustenta que Chico Fraga tentou negociar uma compensação para Lair Ferst que giraria em torno de R$ 120 mil por mês, isto é, 6% do valor do contrato entre a Fundae e o Detran. De novo, alguém mente.

  • A militância no PSDB

Lair disse que era um militante de base do PSDB. Entretanto, foi coordenador da bancada tucana na Assembléia, indicou um prédio para abrigar o comitê de campanha de Yeda Crusius e assinou como testemunha do contrato de locação do imóvel. Lair Ferst também admitiu que uma sala alugada pela Newmark foi usada para reuniões da chapa encabeçada pela deputada Zila Breitenbach para o diretório do PSDB. Desta chapa, que foi vitoriosa, também participou a governadora.

  • O chope com Culau

Contrariando Ariosto Culau, que negou ter tratado do caso Detran enquanto tomavam um chope, Ferst disse que o ex-secretário falou "que estava livre da força-tarefa dos contratos". Ou seja, o assunto foi falado.

  • As empresas da família

Lair negou ser o verdadeiro dono das empresas Newmark Tecnologia e Rio del Sur e disse que tinha apenas uma "procuraçãozinha" destas empresas. O presidente da CPI, Fabiano Pereira, leu o teor do documento. "Representar, gerir e administrar todos os negócios, como comprar e vender mercadorias, comprar imóveis, pagar e receber contas, admitir e demitir funcionários, representar as empresas perante os bancos e contas correntes, representar as empresas diante todos os órgãos municipais, estaduais e federais, receber correspondências, assinar requerimentos e duplicatas."

  • Escancarado

"Não há dúvidas de que Lair Ferst foi um dos principais articuladores do esquema criminoso que agiu a partir do Detran. Só as empresas da sua família ganharam cerca de R$ 21 milhões. Isto é, dos 44 milhões desviados do Detran, metade foi destinada às empresas Ferst. E o Ministério Público de Contas concluiu que eles receberam estes milhões por um trabalho fantasma, que inexistiu", apontou Fabiano Pereira.

Conforme a deputada Stela Farias, o movimento financeiro das empresas Ferst também atesta que Newmark e a Rio del Sur foram criadas exclusivamente para escoar a propina. Os laranjas Rosana Ferst, Elci Ferst e Alfredo Telles, respectivamente irmãs e cunhado de Lair Ferst, movimentaram somente 10% do total que ingressou nas contas. O resto, segundo a Polícia Federal e o MP, foi usado para distribuir a propina para os integrantes da quadrilha. "Além disso, Lair Ferst teve despesas pessoais, como viagens, planos de saúde, supermercado, veículos e cartão de crédito, pagas pela Rio del Sur, que também fez doação em dinheiro", revela Stela Farias. Aliás, Chico Fraga e o prefeito de Canoas, Marcos Ronchetti, também fizeram turismo às custas da Rio del Sur.

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