
Numa "nota à imprensa" de 20 laudas, a juíza Simone Barbizan Fortes, da 3ª Vara Federal de Santa Maria - autora da decisão que determinou as prisões e as buscas realizadas na manhã de terça-feira (06) - divulgou ontem (07) o resumo das investigações da Polícia Federal que a levaram a determinar a prisão de 13 pessoas por supostas fraudes contra o Detran.
Ao expedir o documento, a magistrada justificou que "a sociedade tem direito de saber" o teor das investigações feitas pela força-tarefa de policiais, procuradores, promotores e auditores que desencadeou a ação.
Conheça os principais detalhes:
1. Foi de R$ 31 milhões o faturamento de quatro empresas privadas para as quais a Fundação de Apoio à Tecnologia e Ciência (Fatec) terceirizou a responsabilidade de elaborar a avaliação dos candidatos a motorista.
2. Os R$ 31 milhões, corrigidos, resultam nos R$ 40 milhões de prejuízo estimado pela PF com a suposta fraude detectada.
3. A previsão, na época da assinatura dos contratos, era de que os gastos da Fatec com o Projeto Detran (para realizar a avaliação de motoristas) ficassem em R$ 953 mil. Foi essa desproporção (entre os R$ 953 mil previstos e os R$ 31 milhões supostamente movimentados) que ajudou a fundamentar a ordem de prisão temporária de 13 das pessoas investigadas pela Operação Rodin.
4. Os R$ 31 milhões teriam sido fatiados, inicialmente, entre quatro empresas subcontratadas pela Fatec. Conforme a magistrada, a New Mark Tecnologia teria recebido da Fatec R$ 10 milhões entre 2003 e 2006, a título de serviços de consultoria para avaliação dos candidatos a motorista. Esta empresa teria como acionista Alfredo Pinto Telles, cunhado de Lair Ferst, ambos presos. A empresa Rio Del Sur Engenharia (cuja dona seria acionista Rosana Ferst, irmã de Lair, também presa pela PF) teria recebido R$ 8,2 milhões, no mesmo período.
5. Ainda segundo a juíza, a sociedade civil Carlos Rosa Advogados (cujos integrantes seriam Carlos Dahlem da Rosa e Luiz Paulo R. Germano) teria faturado R$ 4,1 milhões. Os dois são investigados pela PF. Gravações feitas por policiais indicam "grande vinculação" entre a empresa e o então presidente do Detran, Carlos Ubiratan dos Santos, preso pela operação.
6. A última integrante do contrato original de terceirização, a Pensant Consultores, teria recebido R$ 8,9 milhões. Seus seriam acionistas José Antônio Fernandes (conselheiro da Fatec) e seu filho Ferdinando, ambos também presos.
7. A "nota à imprensa" revela que a juíza considera que a subcontratação destas quatro empresas foi ilegal, por violar a Lei de Licitações e que entre 80% e 90% do faturamento total das firmas teria sido resultante do contrato com a Fatec. "O resultado é estarrecedor... É evidente o mecanismo de burla à regra geral de licitação", conclui a magistrada.
Charge: Kayser
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